Startups na saúde: É necessário preparo e saúde para uma boa performance e superação dos resultados | Arquitetos da Saúde
Entrevistas

Startups na saúde: É necessário preparo e saúde para uma boa performance e superação dos resultados

Gustavo Drago e Caroline Arede são CEOs das startups Betteryoo e Oli, com experiências nas áreas de gestão da saúde, saúde esportiva, empreendedorismo, cuidado de crônicos e transformação digital. Nesta matéria abordam a saúde não apenas como ausência de doenças, mas disposição e bem-estar. Citam a importância de mudanças na jornada de saúde do usuário para também evitar a escalada de custos ao ponto de cada vez menos gente ter acesso à saúde de qualidade. Apresentam modelos multidisciplinares, apostam nas sugestões práticas e na necessidade de um olhar sobre a população de forma holística.

1) O que fez com que você se interessasse pela área da saúde?

Caroline Arede: Minha família sempre valorizou muito o plano de saúde. Quando pequena, minha mãe precisou de diversas cirurgias por causa de um tumor e dependeu do SUS. Sabemos a importância do SUS e o quão bonito ele é em princípio, mas quem depende só dele sabe que não é fácil. Tanto é que, segundo o Ibope, o plano de saúde é o terceiro maior desejo dos brasileiros. Em 2017 minha mãe recebeu uma carta no dia seguinte ao seu aniversário dizendo que o plano de saúde iria aumentar em 117%, tornando inviável o pagamento. Foi aí que eu comecei a estudar sobre o setor e entender os problemas. Optei por deixar o emprego anterior, onde trabalhava com investimentos de impacto em educação, para me dedicar exclusivamente à saúde. Comecei com uma consultoria para outras empresas de saúde, trabalhando com diversos empreendedores que tinham muito conhecimento do setor, mas pouca experiência em negócios e operações. Foi uma troca muito rica. Fiquei quase dois anos liderando a KOR Ventures, conhecendo as especificidades do setor de perto, lendo muito, trocando experiências e entendendo onde poderia melhor contribuir. No começo de 2019 eu e a Bianca, minha sócia da KOR, resolvemos fundar a Oli.

Gustavo Drago: Sou formado em Educação Física, inspirado pela escolha de formação de um dos meus irmãos e estimulado pela atuação da minha mãe tanto na frente educacional quanto na área da saúde. Nossa startup nasceu do desejo de promover e popularizar um modelo moderno e preventivo de pensar a saúde. Pautado em pesquisas científicas e estudos que conduzimos por mais de dez anos em parceria com a Universidade de São Paulo, nos inspiramos na equipe e metodologia multidisciplinar pela qual os atletas, principalmente os olímpicos, são atendidos. Após anos de dedicação ao esporte percebemos o paralelo que a estrutura e o atendimento disponibilizados para eles têm com o nosso cotidiano e as demais pessoas e profissões, afinal para que haja performance e superação dos resultados se faz necessário preparo e saúde. Este conceito de saúde está para além do tradicional, para nós ele não é traduzido apenas pela ausência de doenças, mas sim pela disposição e bem-estar para a tratativa das atividades diárias.

2) O que tem de inovador no seu modelo?

Caroline Arede: Atualmente menos de um quarto da população brasileira tem plano de saúde e quase 70% deles são coletivos empresariais. O custo com saúde é o maior gasto da empresa com os colaboradores após a folha de pagamento. Segundo estudos e pesquisa conduzidos pelo Banco Mundial e Datafolha, 30% das internações no Brasil são desnecessárias e 50% das idas ao PS poderiam ser evitadas com orientações médicas, entre outros. Diante deste contexto, acreditamos que se a jornada de saúde do usuário não mudar, os custos para os pagadores vão ser cada vez maiores e cada vez menos gente terá acesso à saúde de qualidade. Hoje temos players focados em saúde ocupacional, em ferramentas de saúde mental e bem-estar ou até em gestão de crônicos, mas não vemos ninguém olhando e atuando sobre a população de forma holística, ao longo de toda a sua jornada de saúde, que inclui desde o autocuidado até a utilização do sistema. Por isso criamos a Oli, uma plataforma de saúde corporativa que une um sistema de inteligência de dados ao prontuário da equipe de saúde e ao app do usuário, garantindo que todas as ações sejam coordenadas em prol de uma melhor jornada em saúde. Com a plataforma, nossa equipe conhece toda a população em detalhes, acompanha seus indicadores e cuida ativamente dos casos mais críticos, trazendo valor tanto para o usuário final quanto para a sua empresa e a corretora contratante.

Gustavo Drago: Nossa solução é escalável ao mesmo tempo em que gera um atendimento personalizado e individual, combinação rara e, portanto, disruptiva. A escala é promovida por meio de tecnologia de ponta com desenvolvimento contínuo. Temos uma equipe dedicada há anos nesta construção que continuará sempre antecipando novas funcionalidades e interfaces. Já a personalização está relacionada ao atendimento de profissionais referenciados no mercado. Literalmente trouxemos o time que cuida dos nossos melhores atletas no Brasil para cuidar dos melhores profissionais em todas as áreas. Além disso, temos duas atuações transacionais: uma por meio da inteligência artificial que consegue entender seu estilo e preferências e correlacionar com seu contexto para sugerir pequenas mudanças em prol de hábitos mais saudáveis. A outra é a nossa facilitadora de jornadas, uma profissional que acompanha os clientes institucionais e nossos beneficiários, como carinhosamente chamamos os clientes finais, afinal, sabemos que promover esta plataforma é um grande benefício. Seu papel é customizar a jornada institucional considerando a cultura da empresa para aumentar o valor percebido por todos e o nível de engajamento em todas as etapas. Não somos apenas tecnologia e não somos apenas uma equipe, somos um modelo multidisciplinar que cuida das pessoas olhando para elas e para todas as disciplinas e conteúdos que se relacionam com elas no dia a dia.

3) Como medir de forma isenta e técnica o resultado do que têm a oferecer?

Caroline Arede: A nossa equipe de dados acompanha indicadores como a evolução da frequência por procedimentos e sinistralidade da carteira total e das pessoas em cuidado. O cliente também tem acesso a tudo isso, podendo enxergar claramente os nossos resultados. Além disso, estamos fazendo parceria com uma consultoria especializada para que eles meçam nosso resultado de forma isenta.

Gustavo Drago: Disponibilizamos diversos indicadores automatizados e online para que os sponsors e líderes da empresa possam acompanhar tanto o engajamento dos participantes, quanto a mudança de hábitos que é estimulada por nossa equipe. Sempre sugerimos que estes dados sejam cruzados e analisados em conjunto com os demais indicadores de gente e performance da organização. Desta forma será possível perceber impactos e tendências para que se estabeleçam estratégias efetivas que influenciam positivamente as pessoas, não é sobre promover uma palestra de meditação, mas sim estimular o indivíduo no desenvolvimento de suas habilidades sócio emocionais para que ele tenha mais qualidade e saúde mental. Também temos outras formas de acompanhamento e medição, um exemplo é nossa intervenção Start, uma ação realizada na implantação do projeto onde avaliamos de forma online, presencial ou híbrida os quatro pilares promovidos na plataforma: saúde clínica (doenças preexistentes e medicamentos), saúde mental, saúde física e hábitos alimentares. Aproveitamos este ponto de contato para sensibilização acerca da importância do tema autocuidado e entregamos uma fotografia de saúde da empresa, incluindo sugestões práticas para impulsionar os resultados.