Variação de Custos Médico-Hospitalares, ou VCMH. O termo assusta gestores de empresas que precisam lidar diretamente com a administração de benefícios de saúde justamente por ser um dos gatilhos para reajuste nos contratos com as operadoras.
De modo bastante resumido, VCMH é literalmente a variação do custo per capita que a operadora tem com uma determinada carteira (coletivo ou individual) de um ano para o outro. Um índice único independente da realidade distinta de cada cliente. O conceito é complexo porque na variação dos custos de saúde não está inclusa somente a variação do preço dos serviços contratados pelos planos, mas também a variação da demanda e da complexidade do gasto (perfil dos tratamentos, ampliações de rol, novos pacotes de serviços, etc).
Ou seja: se uma empresa tem um contrato para atendimento de 1.000 vidas, mas a maioria delas utiliza apenas consultas ambulatórias, a VCMH dessa empresa poder ser bem menor que o de outra companhia, também com 1.000 vias, em que a maior parte dos beneficiários precisou passar por mais internações ou procedimentos mais complexos no último ano. Isso pode ocorrer por diversos fatores, tais como, idade média, região, tipos diferentes de regulação médica, abrangência e rede credenciada por níveis distintos de plano, etc.
Certo? Vamos em frente.
Para não ser pego de surpresa
O que os responsáveis pela administração de contratos coletivos de planos de saúde muitas vezes não sabem é que dá para calcular a VCMH da sua empresa, e antecipar se o próximo não reajuste será muito ou pouco impactado pelo gatilho VCMH verdadeiro da população daquela empresa.
Conhecer a própria VCMH é uma arma importantíssima na hora de sentar para renegociar contratos. Isso porque ela é um dos indicadores usados como gatilho para a revisão de preços dos contratos.
O outro gatilho é a sinistralidade. Ou seja: se uma operadora prevê gastar 70% de sua receita com sinistros, mas gasta 80%, vai imputar essa diferença no reajuste.
Um gestor que conhece sua VCMH tem condições de argumentar diante de uma proposta de revisão onde não houver argumentação técnica ou contraproposta de gestão ou mitigação por parte da operadora – dessa forma, a negociação fica equilibrada e não unilateral, com apenas a operadora dando as cartas.
VCMH negativa
Outro fator que deve deixar gestores de olhos bem abertos é a grande possibilidade de 2020 fechar com a VCMH negativa, em média nacional, segundo dados da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) analisados pela Arquitetos da Saúde (escrevemos um artigo sobre isso, mais técnico, que você pode ler clicando aqui).
Em todos os cenários analisados, a VCMH será negativa, a não ser que a ANS promova uma grande retificação em algum dado. Os dados consolidados dos quatro trimestres de 2020 devem ser divulgados pela ANS até o fim de março.
A queda tem relação direta com a pandemia. No início, o desemprego provocado pelas medidas de restrição levou, de fato, ao desligamento massivo de beneficiários dos planos de saúde. Mas a partir de setembro houve um aumento, a ponto de recuperar as vidas perdidas anteriormente e superar – e muito – os índices anteriores. Para o saldo positivo de pouco mais de meio milhão de beneficiários, foram necessários quase 1 milhão de novos beneficiários em todo ano passado, um número bastante significativo.
Isso, aliado ao represamento de contas médicas (como cirurgias eletivas que foram suspensas e queda na utilização de pronto-socorro e pedidos de exames) levou, no fim das contas, à variação negativa da VCMH. Ou, melhor dizendo, tivemos uma “deflação do custo assistencial” em 2020, algo que aconteceu pela primeira vez em 22 anos.
Como calcular sua VCMH
Agora, a pergunta de 1 milhão de reais é: se a VCMH ficou negativa em 2020, o quanto os indicadores assistenciais da minha empresa foram afetados por isso e como posso prever e antecipar minha negociação de reajuste para 2021? Por isso, mais uma vez, é importante ter conhecimento dos próprios dados.
Na Arquitetos da Saúde, somos especialistas em calcular a VCMH de empresas e oferecer consultoria com todo o apoio necessário para a revisão de contratos.
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