No Brasil, oferecer planos de saúde aos funcionários não é uma obrigação legal para as empresas, a menos que isso esteja previsto em convenções coletivas de trabalho ou acordos sindicais específicos (o que acaba acontecendo em boa parte das companhias). Nesses casos, o benefício passa a ser uma exigência para determinadas categorias profissionais.
Mesmo sem uma imposição legal, há diversas razões, bastante justificadas, para a contratação de planos de saúde empresariais. Desde uma estratégia para atrair e reter talentos até a simples garantia do bem-estar e da qualidade de vida dos colaboradores para criar um bom ambiente de trabalho e, no fim, mais produtividade.
No entanto, é compreensível que o plano de saúde tenha se tornado um “bicho de sete cabeças” para muitas empresas, devido ao aumento dos reajustes principalmente nos anos pós-pandemia.
Neste artigo, vamos falar sobre as razões que ainda justificam a contratação de planos de saúde empresariais e o que fazer para alinhar as expectativas em relação ao custo do benefício para as empresas.
Plano de saúde para quê?
Desconsiderando motivações legais/trabalhistas, empresas podem contratar planos de saúde para seus colaboradores por diversos motivos. Listamos os seis benefícios principais:
- Atração e retenção de talentos: Um bom plano de saúde é considerado um dos principais benefícios valorizados pelos funcionários, ajudando a empresa a atrair e reter profissionais qualificados.
- Aumento da produtividade: Funcionários com acesso a cuidados médicos têm mais facilidade em manter sua saúde em dia, o que resulta em menor número de ausências e maior eficiência no trabalho.
- Redução de absenteísmo: Planos de saúde permitem que os colaboradores façam exames de rotina e tratem problemas de saúde preventivamente, reduzindo o tempo afastado por doenças.
- Valorização e motivação: Oferecer assistência médica demonstra que a empresa se preocupa com o bem-estar de seus colaboradores, gerando maior satisfação e engajamento.
- Melhor gestão de custos com saúde: Para a empresa, um plano de saúde coletivo costuma ser mais vantajoso economicamente do que lidar com despesas esporádicas e não planejadas em caso de doenças mais graves.
- Melhoria da imagem e status da empresa: Oferecer planos de saúde para os colaboradores também fortalece a reputação da empresa perante a comunidade e parceiros. Demonstrar responsabilidade com o bem-estar dos funcionários projeta uma imagem positiva, mostrando que a empresa valoriza seu capital humano e se alinha a práticas empresariais socialmente responsáveis, o que pode gerar maior confiança de clientes e investidores.
O que há além disso?
Todos esses itens elencados acima são justificativas bastante justas para a contratação de planos de saúde empresariais. Mas, antes, é importante que a empresa tenha um propósito claro para oferecer o benefício. A contratação atende a filosofia da empresa ou atende apenas uma demanda “burocrática”?
Falamos sobre isso de forma mais aprofundada neste texto, e não vamos nos alongar aqui. Podemos adiantar que há formas diferentes de enxergar o plano de saúde nas empresas, e é importante que a empresa saiba exatamente o que ela quer com o benefício.
A questão do custo
Diante disso, também entendemos que o custo dos planos de saúde é um fator relevante que não pode ser ignorado. E que acaba sendo uma dor grande de gestores financeiros nas empresas.
Pensando somente no custo, é possível adotar medidas para fazer o plano de saúde empresarial pesar menos no bolso. Primeiro, fazendo redesenho do plano médico, com um downgrade em pontos que levam o preço final para cima. A saber:
Coparticipação
A coparticipação é uma porcentagem paga pelo beneficiário quando ele utiliza um serviço coberto pelo plano de saúde. Essa arrecadação pode ser revertida para a operadora como um redutor de sinistralidade, ou então a empresa pode ficar com o montante.
Em geral, a cobrança pode ser feita sobre eventos ambulatoriais de menor valor que não gerem um impeditivo financeiro para o uso, tais como consultas, exames, atendimentos ambulatoriais e terapias. Ou seja: a conta do plano de saúde é “rachada” entre a empresa e o beneficiário. Planos com coparticipação costumam ter um desconto significativo no preço do plano de saúde.
Cobertura e abrangência
Quem não conhece o contrato do plano de saúde em detalhes pode se surpreender com os itens incluídos na cobertura ou na abrangência. Para empresas, por exemplo, não compensa pagar um plano nacional para funcionários que não costumam viajar a trabalho. Ou um plano com obstetrícia para homens solteiros e sem dependentes.
Entre as alternativas estão o plano apenas ambulatorial ou apenas hospitalar. No ambulatorial estão permitidas consultas em clínicas e médicos; no hospitalar estão incluídos apenas atendimentos de urgência e emergência (pronto socorro) e outros serviços em regime hospitalar como internações e cirurgias.
Forma de pagamento
O valor do gasto com o plano de saúde também pode mudar bastante se o contrato for feito com pré ou pós-pagamento. O pré-pagamento representa a grande maioria dos contratos de planos de saúde corporativos. Nele, o custeio é feito por valores fixos per capita ao longo do ano. Mesmo que a empresa gaste mais ou menos que esse limite ao longo do ano, o valor continua fixo durante a vigência. O eventual excedente será usado pela operadora como base de cálculo no reajuste do contrato (que, por isso mesmo, pode ser alto).
No pós-pagamento não há prêmio. O pagamento é feito posteriormente, com base nos serviços realizados. A empresa paga somente o que é utilizado pelos beneficiários mais uma taxa de administração que regra geral, utilização mais taxa é sempre inferior que o prêmio numa retrospectiva de médio e longo prazo.
Mas não significa que qualquer empresa pode adotar o pós-pagamento. O risco imediato passa a ser do cliente, e é preciso assumir inteiramente o custo total e inclusive de procedimentos de alto custo. Por isso, o modelo compensa para grandes empresas, com escala suficiente para diluir gastos elevados e repor perdas em períodos subsequentes.
Uso consciente
Um segundo pacote de ações para reduzir o custo do plano de saúde, a médio e longo prazo, é estimular o uso consciente dos serviços por parte dos colaboradores, reduzindo a sinistralidade do plano. Isso não significa “obrigar” os colaboradores e seus dependentes a utilizar menos o plano. Mas sim a utilizar o plano quando for necessário e, principalmente, do jeito certo.
Alguns dispositivos que citamos acima, como a coparticipação, já reduzem os gastos excessivos com o plano. Por exemplo: consultas de urgência são mais caras que as agendadas. O fato do colaborador ser cobrado em uma porcentagem sobre os procedimentos vai fazer com que ele se programe e use mais as consultas ambulatoriais, promovendo um ecossistema de prevenção que ajuda a evitar doenças futuras – e gastos desnecessários no pronto socorro.
Embora qualquer ação no sentido de promover o uso racional do plano de saúde pelo colaborador e seus dependentes seja válida, é preciso saber até onde o gestor pode ir. Cuidar da saúde é uma responsabilidade que será sempre do indivíduo.
Mas isso não impede que a empresa crie programas de estímulo ao cuidado com a saúde e bem-estar. Desde que ela, também, aja de forma a preservar a saúde dos colaboradores, sem jornadas excessivas, por exemplo.
Além disso, algumas empresas possuem ambulatórios que podem contribuir e reforçar a cultura do uso consciente. E algumas operadoras têm ampliado o investimento em serviços de prevenção e saúde da família, para estimular o cuidado e evitar gastos com sinistros mais significativos.
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