Algumas têm nomes de mulheres. Outras são siglas e ainda há aquelas cuja identificação remete diretamente ao Vale do Silício. Fato é que as healthtechs chegaram pra valer no Brasil e sua presença não pode mais ser ignorada.

Era claro que a revolução digital que atinge empresas de todas as áreas invadiria também o setor de saúde suplementar – e esse momento chegou. Notícias de fusões com grandes empresas e investimentos milionários nas healthtechs, com cifras que chegam a impressionar, são cada vez mais comuns.

Qual é o impacto desses novos atores em um mercado tão difícil quanto o da saúde suplementar? Por que elas despertam tanta atenção (e dinheiro)? É uma moda passageira? E, principalmente, como os contratantes de planos de saúde podem se beneficiar dessa onda? É isso que discutiremos neste artigo.

Um novo modelo

Lógico que o universo da atuação das healthtechs é muito abrangente e nem todas estão focadas no produto final, o plano de saúde. Há uma gama enorme de serviços-acessórios, como gestão de crônicos, prontuários eletrônicos, medicina ocupacional, gestão de dados e indicadores, etc.

Para aquelas que foram criadas pensando na venda de plano de saúde, primeiro, é preciso ter clareza sobre as mudanças de fato trazidas pelas healthtechs no mercado. Se os planos de saúde fossem um livro, poderíamos dizer que as healthtechs oferecem uma nova edição, com alguns novos capítulos e uma capa bonita, mas cujo cerne é essencialmente o mesmo.

Ou seja: a “revolução” trazida pelas healthtechs é muito mais na “forma” do que no “conteúdo”. Muito embora haja um esforço grande para mudar esse núcleo também. Há empresas, por exemplo, que já adotam dispositivos para diagnósticos clínicos simples à distância – por meio de aparelhos que medem pressão, batimentos cardíacos, etc.

O produto é o mesmo

Mas, no fim das contas, o produto segue sendo o mesmo oferecido por operadoras tradicionais: consultas médicas e procedimentos hospitalares e laboratoriais.

Aqui, precisamos lembrar que a rede de atendimento também é basicamente a mesma. Os mesmos profissionais, as mesmas clínicas, os mesmos laboratórios e hospitais que já atendem outras operadoras. E, mesmo que estejam sendo criados novos centros, é um movimento que não segue o mesmo ritmo acelerado de gestação das healthtechs – e muito menos dos investimentos feitos nelas.

Vale a pena contratar?

Então, por que afinal há tanto hype sobre as healthtechs? Porque elas estão sendo vistas como um sopro de frescor sobre um mercado desgastado na relação das operadoras com prestadores de serviços assim como os beneficiários, tanto em termos financeiros como de entrega de resultados.

É algo que sempre defendemos aqui: somente a  geração de valor sobre os serviços prestados na saúde suplementar trará o engajamento  do beneficiário  ou do contratante que está ávido por novas soluções – e as healthtechs podem preencher essa lacuna.

Mas isso ainda não é algo certo. Para o contratante de planos de saúde, pode ser bastante sedutor recorrer a uma healthtech. Preços mais atrativos (ou nem sempre), serviços mais modernos, novas ferramentas. Isso tudo é real e muito bem-vindo!

No entanto, as healthtechs são empresas como quaisquer outras, então a mesma atenção na hora de fechar o contrato é recomendada. E isso também vale para investidores de olho nesse novo universo.

Em suma: vá além do discurso bacana e pesquise a fundo as intenções e reais entregas da empresa – seja ela uma healthtech ou não.

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