A história de vida e o bem-estar das pessoas devem ser relevantes também para a empresa | Arquitetos da Saúde
Entrevistas

A história de vida e o bem-estar das pessoas devem ser relevantes também para a empresa

A Gerente de Programas de Saúde para a América Latina da GE, Dra. Marcia Agosti, possui vasta experiência no desenvolvimento de projetos de bem-estar e saúde corporativa. Nesta entrevista ela relata como a empresa decidiu investir na cultura da sustentabilidade, com foco na saúde, e os resultados já obtidos. Segundo ela, uma boa gestão da cultura e ferramentas para o bem-estar dos colaboradores são processos fundamentais para um ambiente mais amistoso, integrador, acolhedor e responsável, onde todos desejam participar.

O que levou a GE a mudar de atitude em relação à gestão da saúde dos colaboradores?

Marcia Agosti: Como membro Fórum Econômico Mundial, a GE, no início dos anos 2000, investiu muitos recursos em sua estratégia comercial com dois polos principais: Ecoimagination e Healthimagination. Estas duas plataformas previam investimentos em pesquisa e desenvolvimento de recursos para dois pilares de grande preocupação: sustentabilidade ambiental e serviços de saúde acessíveis e custos efetivos para a população.

Desde então, a empresa decidiu por investir internamente na cultura de sustentabilidade de maneira que todos a vivenciassem na própria vida e nas suas comunidades.

Com assento no Programa das Nações Unidas para Sustentabilidade do Planeta, investiu no combate à mortalidade precoce por Doenças Crônicas Não-transmissíveis e assim, em 2010, nasceu o Programa HealthAhead com seis pilares: Engajamento da Liderança; Promoção da Alimentação Saudável e da Atividade Física; Combate ao Tabagismo; Equilíbrio entre Vida Pessoal e Trabalho;  Prevenção das Doenças; e Acidentes Decorrentes do Trabalho.

A orientação para a mudança veio da matriz da empresa ou foi uma decisão da própria filial brasileira? 

Marcia Agosti: A filial brasileira já conduzia um programa local desde 2008 baseado no perfil epidemiológico identificado e ao final de 2009 a matriz decidiu unificar a estratégia para saúde em um modelo global, alinhado com a estratégia das Nações Unidas para reduzir a prevalência dos fatores de risco que mais contribuem para mortalidade e incapacidade precoce – As doenças crônico-degenerativas.

Quais os resultados obtidos com as mudanças? 

Marcia Agosti: No Brasil iniciamos com 14% de tabagistas e hoje temos 3%. Entre os executivos, 68% assumiram hábitos de vida mais saudáveis, o que reduziu o risco global de adoecimento. O nível de atividade física na população GE dobrou ao longo dos anos. Os dias de trabalho perdidos por doença reduziram-se quase à metade. A prevalência do risco para doenças crônicas foi reduzida em quase 18%. O programa de Gerenciamento do Bem-Estar atua como um grande incentivo no combate à psicofobia e o Programa HealthAhead é muito bem reconhecido entre os empregados. Seu efeito também é percebido no feedback a respeito do programa, pois sempre colhemos este feedback que valida ou refuta as ações em planejamento.

Que tipo de informação/dados/indicadores de hospitais (que representam mais da metade dos custos) você gostaria de ter acesso para contribuir na gestão da saúde dos seus colaboradores? 

Marcia Agosti: Informações sobre a trilha do cuidado dos pacientes, sobre sua experiência nesta trilha, os ganhos de saúde experimentados por eles, os dias de bem-estar vividos e a efetividade das experiências na assistência médica e dos custos relacionados a estas experiências. Cobertura vacinal e informações epidemiológicas das secretarias de saúde.

Que apoio você poderia ter das operadoras de planos de saúde para melhorar ainda mais a gestão? 

Marcia Agosti: Um trabalho colaborativo que nos dê maior transparência sobre o tipo de atenção à saúde realizada, seus custos reais, o perfil de resultado com valor para usuário de cada prestador e compartilhamento de risco nas decisões relativas à rede. Um modelo de contratação baseada em valor com riscos compartilhados.

Que mensagem você deixaria para as empresas com base na experiência da GE na gestão da saúde dos colaboradores? 

Marcia Agosti:
O valor de oferecer um serviço que seja dirigido ao real bem-estar dos empregados e suas famílias deve sempre nortear a contratação de serviços de assistência à saúde. Comprometer-se com as pessoas por mais dias de saúde é parte da estratégia de desenvolvimento humano que, ao final, garante a produtividade para atividades diárias de vida além do ambiente de trabalho saudável. Como parte do caminhar que escreve a história da empresa, a história da vida destas pessoas e seu bem-estar devem ser relevantes também. Uma boa gestão da cultura e ferramentas para o bem-estar dos colaboradores são processos fundamentais para um ambiente mais amistoso, integrador, acolhedor e responsável, onde todos desejam participar.