As dez regras de sobrevivência na relação com seu plano de saúde | Arquitetos da Saúde
Reflexões para Ontem

As dez regras de sobrevivência na relação com seu plano de saúde

Durante recente programa de TV CB Poder (Correio Brasiliense) fui perguntado pela entrevistadora a respeito de que conselho eu daria para o consumidor que está pensando em que plano de saúde contratar e como melhor utilizá-lo. Naturalmente, pelo tempo do programa, não pude explorar algumas recomendações que, assim sendo, faço abaixo.

Recorro a um breve manual que desenvolvi no passado com algumas regras que considero importantes na aquisição, avaliação e utilização de um plano de saúde. Em seguida, associei cada regra a um ditado popular, uma vez que estes facilitam a memorização, provocando a associação de idéias:

1. “Se um homem não sabe que porto está navegando, nenhum vento lhe é favorável.” (Sêneca)

O que queremos: Um plano com ampla cobertura?  Ou apenas para o grande risco (internações hospitalares)? Com cobertura de parto? Com valores de reembolso altos ou de mercado? Com cobertura nacional ou regional?  Antes de comprar o primeiro plano que lhe indicarem reflita sobre o seu perfil, mobilidade geográfica e o nível de cobertura que pretende ter.

2. “Vale o escrito.” (regra do jogo do bicho)

Sabemos que a imensa maioria de brasileiros não lê qualquer tipo de contrato, mas em se tratando de planos de saúde, recomendo a leitura atenta. Esta é a única forma de conhecer seus direitos. Em tempo: guarde o material promocional apresentado que, não raro, contribuiu para a sua decisão.

3. “Todo mundo é ignorante, só que em assuntos diferentes.” (Will Rogers)

Tire todas as dúvidas em relação às condições contratadas, pois é a única maneira de garantir que você está comprando aquilo que efetivamente quer. Lembre-se ainda que no momento da compra você é um cliente, mas no momento da utilização, você será um paciente. Assim sendo, pense muito mais como paciente do que como cliente e não deixe de esclarecer suas dúvidas junto ao seu corretor ou profissional que entende do assunto.

4. “Promessa é dúvida.” (Alberto Maduar)

Promessas de corretores devem ser feitas por escrito. Certifique-se de que todas as promessas feitas estão efetivamente documentadas em sua apólice. Na dúvida, preencha ainda os espaços em branco. Seguindo este caminho, você transformará as “promessas em dívidas”.

5. “A principal mentira é aquela que contamos a nós mesmos.” (Nietzsche)

Infelizmente, a fraude tem um custo substancial para os planos de saúde. Com alguma frequência, existe o empréstimo da carteira do plano a terceiros, como se isto fosse aceitável. Precisamos nos conscientizar de que o plano, assim como qualquer serviço, tem suas limitações, restrições e custos e que desrespeitar esta regra nada mais é do que se enganar.

5. “Quando a esmola é grande o santo desconfia.” (ditado popular)

A melhor recomendação é passar longe de planos que estejam oferecendo atendimento a preços muito menores do que a média dos demais planos, pois isto é sinal de problemas futuros. O consumidor pensa que está lidando com uma empresa boba e a empresa tem a certeza de que está lidando com um tolo. É ela quem está certa. Portanto, muito cuidado no momento de compra de um plano de saúde.

6. “Um grama de desempenho vale mais do que um quilo de imagem.” (adaptação do ditado criado por José Maria Alkmin)

Muito mais do que a enxurrada de propagandas e outdoors, o que vale na medicina é o desempenho efetivo. Antes de assinar um contrato, consulte o site da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para conhecer os planos campeões de reclamações e o ranking de desempenho (IDSS), assim como indicadores econômicos, de maneira a atestar a solidez da empresa. Procure se certificar se os prestadores de serviço que fazem parte da rede de credenciados da referida operadora têm algum selo de acreditação nacional ou internacional. Assim como ocorre com hotéis (estrelas), e também existe no caso de hospitais, laboratórios e demais prestadores de serviços. Chama-se “acreditação”.

7. “Diga-me com quem andas e te direi quem és.” (ditado popular)

Antes de contratar um plano de saúde, analise com muito cuidado se a rede credenciada é qualificada e se contempla os médicos e demais prestadores de serviço que você costuma utilizar. Uma vez preenchido este quesito, entre em contato com alguns dos seus médicos e hospitais de referência, obtendo destes a opinião a respeito do referido plano. Afinal, são estes que efetivamente entregam os serviços que os planos de saúde vendem.

8. “Começar já é metade de toda ação. (provérbio grego)

Quem estiver sendo mal atendido deve protestar junto à empresa em que trabalha (caso de plano empresa), ao PROCON e aos diversos meios disponibilizados pela ANS. A reclamação do consumidor é a melhor fonte de informação sobre a saúde dos planos. “Saúde não tem preço, mas medicina tem custo.” (autor desconhecido)

Os planos de saúde são um recurso imprescindível para o sistema de saúde suplementar. Mas por que o ser humano tem um comportamento irracional quando se trata de comprar ou usar um plano de saúde? Quando contrata um seguro de carro, sabe tudo sobre as cláusulas. Quando o assunto é plano de saúde, busca um barato e com muitos credenciados. O resto é o pensamento mágico de que tem “direito a tudo”. Como saúde é um bem não valorável e emocionalmente complexo, ficamos com a sensação de que temos um direito cósmico ou adquirido, com acesso a tudo e todos, sem custos adicionais ou que as restrições são absurdas.

O uso indevido da tecnologia aumenta o custo, que volta contra o pagador do plano (você, cliente). Por isso, muita atenção: fazer um hemograma desnecessariamente pode ser mais impactante em termos de custo do que uma ressonância necessária. Não se iluda. No final, é sempre você quem paga a contra.

Adriano Londres