Arquitetos da Saúde

Reajuste de 15,5% da ANS: uma análise à luz da transparência e isenção

reajuste ANS

Reajuste ANS: há desequilíbrio?

O recente reajuste de 15,5% para planos de saúde individuais, autorizado pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), deu o que falar. E, entre tudo o que foi falado, quase sempre o tom é de indignação com a ANS, com o governo federal e, é claro, com as operadoras.

Com a poeira um pouco mais baixa, nossa proposta aqui é nos concentrarmos justamente no que não foi dito. Uma análise à luz da isenção, da transparência e da responsabilidade.

Contexto histórico

Em primeiro lugar, o reajuste em patamares elevados já era esperado. Como antecipamos neste texto, por exemplo.

Primeiro, vamos lembrar que o reajuste foi negativo no ano passado (-8,19%). Depois, que 2021 marcou o retorno de uma série de procedimentos que ficaram represados no primeiro ano da pandemia. Ou seja: uma VCMH (Variação do Custo Médico Hospitalar) e uma sinistralidade muito mais alta que a média.

Por fim, temos a inflação em índices elevados e um quadro macroeconômico de instabilidade. Pronto: temos todas as variáveis para uma equação explosiva no cálculo do reajuste.

Análise em perspectiva

Em um cenário de inflação acima dos dois dígitos, é compreensível a queixa dos beneficiários e entidades que representam consumidores frente aos 15,5% de reajuste. Mas… será que o reajuste é mesmo injustificado? Vejamos.

Em 2020, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), medido pelo IBGE, foi de 4,52%. Em 2021, o índice fechou em 10,06%. E neste ano, até o mês de abril, já está em 4,29% e deve fechar o ano em 7,89%, segundo projeção do próprio IBGE. Ou seja: um acumulado de 24,1%!

E o reajuste dos planos individuais? Em 2020, o índice autorizado pela ANS foi de 8,14%. Em 2021, o supracitado índice negativo, de -8,19%. E agora, os 15,5%. Um acumulado de 14,7%, quer dizer: quase 10 pontos a menos que a inflação no mesmo período!

É verdade que o reajuste de 15,5% é o maior da série histórica. Mas, entre 2015 e 2017, por exemplo, o reajuste ficou na média dos 13,5% por ano, totalizando 40,67% nos três anos. Com o adendo de que o IPCA acumulado no período foi de 19,91%. Naquela época, houve essa repercussão como agora?

Desconfiança

Também é preciso considerar que o reajuste “elevado”, definido e ratificado por uma agência reguladora (a ANS), de um mercado regulado como é o caso dos planos de saúde, acaba sendo usado como arma política, ainda mais em ano eleitoral. É natural que aconteça, mas acaba sendo mais uma fonte de ruído que impede o debate mais técnico sobre o tema.

Além disso, a reação à definição do reajuste demonstra que o setor de saúde suplementar opera sob uma forte desconfiança. As boas notícias não são comemoradas e as más notícias não são analisadas e compreendidas: o que há é um constante estado de desgosto.

E todos os atores da cadeia acabam sofrendo com isso, principalmente as operadoras. Nesse caso, nos parece injusto demonizá-las pelo critério técnico ratificado pela ANS.

Conclusão

A questão é: em um cenário em que tudo sobe (gasolina, gás, alimentos etc), com os planos de saúde não seria diferente. Lembrem-se: em 2021 o volume de procedimentos aumentou, e seu custo também. 

Vale ressaltar, ainda, que os 15,5% estão abaixo da média de VCMH do Brasil, que ficou em torno de 21% em 2021, ou seja, o reajuste em muitos casos é inferior à variação do custo das operadoras. Não queremos dizer que as operadoras são os mocinhos dessa história. Mas, definitivamente, estão bem longe de ser os vilões.

Conheça a Arquitetos da Saúde

A Arquitetos da Saúde é uma empresa que trabalha com consultoria para a gestão de planos empresariais, além de uma ferramenta de BI (Business Intelligence) voltada para o mercado de saúde suplementar).

Conheça nossos serviços e entre em contato se quiser saber mais.