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VCMH 2021: o que esperar e como se planejar para 2022

VCMH 2021 planos de saúde

VCMH 2021: situação é bem diferente da do ano passado

Já falamos como a pandemia da COVID-19 balançou o mercado de saúde suplementar em 2020, com reflexos diretos neste ano. Também já discutimos, recentemente, como deve se comportar o setor com o arrefecimento dos casos da doença e da (aparente) volta à normalidade.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, queremos aprofundar essa discussão em torno daquele que é um dos principais gatilhos para o reajuste dos planos de saúde familiares ou empresariais: a VCMH (Variação de Custos Médico-Hospitalares), seu comportamento neste ano e como ele vai impactar no mercado do ano que vem.

O que é VCMH?

O conceito é conhecido pelos que nos leem, mas nunca é demais explicar. A VCMH é literalmente a variação do custo per capita que a operadora tem com uma determinada carteira (coletivo ou individual) de um ano para o outro. Um índice único e independente da realidade distinta de cada cliente.

O conceito é complexo porque na variação dos custos de saúde não está inclusa somente a diferença entre os preços dos serviços contratados pelos planos, mas também a variação da demanda e da complexidade do gasto (perfil dos tratamentos, ampliações de rol, novos pacotes de serviços, etc).

No fim das contas, é a VCMH, junto com a sinistralidade na condição contratual da grande maioria dos contratos coletivos (e a situação econômica do país de modo geral na livre negociação entre empresa e operadora) que definem os reajustes dos contratos das operadoras com seus clientes.

Um breve contexto

Historicamente, a VCMH no Brasil sempre foi positiva. Ou seja: de um ano para outro, as operadoras, na média, sempre tiveram gastos maiores com seus clientes. Isso até o ano passado.

A pandemia inverteu essa lógica e, pela primeira vez, a VCMH no Brasil foi negativa (-8,34%). O que levou à decisão inédita da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) em autorizar o reajuste negativo dos planos de saúde individuais – a agência não tem gerência sobre a definição dos reajustes empresariais, que seguiram positivos.

Isso aconteceu por dois principais motivos:

  1. A pandemia provocou o represamento de muitas hospitalizações, além da diminuição de consultas e exames, todos estes eletivos. Até mesmo a procura pelos serviços de pronto-socorro diminuiu durante o auge da pandemia em 2020, o que reduziu os custos dos planos com serviços.
  2. O surpreendente aumento dos beneficiários de planos de saúde, produzindo receita à vista e despesas a maior prazo, mesmo com a crise e o aumento do desemprego. As pessoas buscaram formas de priorizar a contratação de planos de saúde privados, mesmo que por meio de CNPJs (MEI e PMEs).

Situação atual

Como sabemos, no mercado da saúde suplementar, o que acontece em um ano gera reflexos financeiros apenas no ano seguinte. E o cenário neste momento, perto do fim de 2021, é bem diferente do de 2020.

Entre as operadoras, as despesas voltaram ao patamar pré-pandemia, tanto é que a sinistralidade na saúde suplementar já voltou aos 84%, condizente com a média histórica. A prévia da VCMH do segundo trimestre acumulado fechou em 21,93% (calculado pela Arquitetos da Saúde com base nos dados do Tabnet e Sala de Situação da ANS, tabulados pela ferramenta de BI da Arquitetos da Saúde).

Combinação bombástica

O cenário que levou a VCMH negativa neste ano não existe mais. Há que se ressaltar que o índice negativo determinado pela ANS vale somente para planos individuais, aqueles contratados por pessoas físicas.

Planos empresariais, por serem de livre negociação, tiveram reajustes negativos e positivos de todos os tamanhos, sendo que sua média ficou em cerca de 14%, segundo o BI da Arquitetos da Saúde.

Quer dizer: quem aproveitou a queda em 2021, atrelada a uma VCMH negativa ou menor que a média histórica em sua operadora, pode esperar um índice alto de VCMH em 2022 e uma sinistralidade em níveis anteriores à pandemia. Ou seja: quem teve um aumento em 2021 pode esperar um aumento ainda maior no ano que vem.

Há um ingrediente que potencializa essa certeza: a situação ruim do país. Se a previsão para este ano é de crescimento do PIB em cerca de 5%, para 2022 especialistas já trabalham com a possibilidade de uma nova recessão (PIB negativo).

E a combinação economia em crise + VCMH positiva costuma ser bombástica para o setor. De qualquer forma, é algo que continuaremos acompanhando.

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