Arquitetos da Saúde

Reajuste dos planos de saúde do pool de risco chega a 23% em 2024

pool de risco

As operadoras de saúde anunciaram recentemente os índices de reajuste dos planos do chamado “pool de risco” – pequenas e médias empresas (PME) com até 29 vidas. Como já era esperado, foi o terceiro ano seguido em que os índices chegaram aos dois dígitos – mais que isso, acima da casa dos 20% em alguns casos.

Segundo levantamento feito pela Arquitetos da Saúde com as principais operadoras, a média ponderada dos reajustes foi de 19,5%, com mínima de 9,63% e máxima de 23,09%. O levantamento considera as maiores operadoras do país, que mantêm mais de 40% do total de beneficiários em planos de saúde no Brasil.

Neste texto, vamos falar sobre os motivos que levaram a esse aumento novamente em uma faixa expressiva e tentar apontar alguns caminhos para que gestores e empreendedores possam minimizar os efeitos dos reajustes em suas empresas.

O que é o pool de risco?

Contratantes de planos com até 29 vidas integram o chamado “Pool de Risco”, regulamentado pela Resolução Normativa 565 da ANS (antiga RN 309). Trata-se do agrupamento de contratos de empresas para o cálculo e aplicação de reajustes do plano de saúde. Ou seja: todos os contratos coletivos com essa característica são reajustados pelo mesmo índice.

Foi uma forma que a ANS encontrou para tentar equilibrar um pouco mais a equação para contratantes coletivos, mas que apresentam maior suscetibilidade a eventos de alto custo, sendo, assim, mais vulneráveis em relação aos reajustes se estivessem isolados.

Ou seja: mesmo que os beneficiários da sua empresa tenham usado pouco os serviços do plano de saúde, com uma sinistralidade baixa ou se um único caso de alto custo tivesse inviabilizado o índice, o que será considerado na hora do reajuste é a taxa de sinistralidade de todo o grupo onde sua empresa está inserida, acrescido da variação dos custos médicos da operadora. Algo que pode ser explicado pela lógica do mutualismo que paira sobre o mercado de planos de saúde.

A ANS ainda dispõe na regulamentação que as operadoras devem divulgar em seus sites a relação dos contratos e seus respectivos planos que compõem o Pool de Risco e que, portanto, serão reajustados pelo mesmo percentual.

Por que os reajustes continuam altos?

O primeiro motivo é a própria natureza dos contratos. Como integrantes do Pool de Risco, as empresas não têm poder para controlar o impacto do uso do plano pelos seus beneficiários. As operações acabam diluídas entre todo o grupo, e as operadoras aplicam o índice para repor eventuais perdas provocadas pelo pool.

Nos últimos anos, também foi dada maior flexibilidade aos planos PMEs, com possibilidade de apenas uma vida no contrato, além de agenciamento maior aos corretores que vendiam esse produto.

Com preço inicial mais acessível do que os planos por adesão ou individuais, foi uma ótima solução para muitas pessoas que têm um CNPJ. Mas esse tipo de contrato tem essa característica – o reajuste aplicado pela média do grupo e sem muitos espaços para negociação.

A solução criou o problema

Outro fator que explica as taxas elevadas de reajuste é o próprio momento da saúde suplementar como um todo. O setor ainda colhe os reflexos do aumento da demanda provocado pelo represamento de procedimentos de 2020 a 2021 (início da pandemia de covid-19), aumento de custos médicos, inclusão de novos serviços, mudanças no Rol da ANS e a comercialização de produtos a baixo custo, além do “downgrade” que discutimos bastante no ano de 2023.

Uma das estratégias usadas pelas operadoras neste período foi justamente a venda de planos a preços atrativos para o público do pool de risco. A ideia era “fazer volume”, e deu certo. Mas isso também criou um problema: a sinistralidade aumentou e as operadoras precisaram corrigir isso com os reajustes nos aniversários dos contratos.

As taxas elevadas de reajuste são reflexo desse novo perfil de contratante (PMEs e MEIs), que têm peso mais significativo do que nunca e que agora, passados alguns anos da pandemia, têm uma experiência suficiente para as operadoras ajustarem seus resultados.

As operadoras ainda precisam encontrar o ponto de equilíbrio para esses contratos, em uma dose que seja suficiente para não prejudicar seu próprio crescimento. E ainda não conseguiram.

O que os gestores/empreendedores podem fazer?

É difícil apontar caminhos para gestores de planos de saúde ou empreendedores em PMEs sem conhecer a realidade de cada empresa e as necessidades dos beneficiários. Mas, de forma geral, há três formas de encarar o pool de risco:

  1. Se o seu resultado (sinistralidade) é ruim, pool está te ajudando. Se o seu reajuste está elevado, poderia ser ainda pior. Então, fique onde você está.
  2. Se o seu resultado é bom, independente da regra, você pode sempre negociar com a operadora. Mesmo no pool de risco.
  3. Faça periodicamente seu benchmarking de mercado para identificar qual é a posição da sua empresa e se o pool está te ajudando ou prejudicando.

Ou seja: é preciso colocar a mão na massa se quiser reunir argumentos para questionar o reajuste. E nós podemos ajudar.

A Arquitetos da Saúde é uma consultoria especializada em gestão de planos de saúde que pode te ajudar a encontrar a melhor saída na relação da sua empresa com a operadora de saúde. Utilizamos uma ferramenta de BI com dados públicos compilados de forma intuitiva para mostrar onde sua empresa está posicionada no mercado. E, é claro, te orientamos sobre o que fazer depois disso.

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