Arquitetos da Saúde

João Luiz Ferreira Costa me orgulha. E a você?

Esta semana fui surpreendido por uma informação publicada em importante coluna de um jornal carioca que anunciava a exoneração sumária de pessoas que tiveram bens bloqueados e estão sendo investigadas em processo do MP estadual por suposta fraude na prefeitura em 2013.  Uma destas pessoas é João Luiz Ferreira Costa, que havia assumido posto de destaque na Secretaria Estadual de Saúde há poucas semanas, mas foi exonerado assim que o governador Wilson Witzel soube da investigação.

Infelizmente, na pressa por tomar decisões politicamente corretas e simpáticas à opinião pública, muitas vezes se atropelam biografias irreparáveis. Pois bem, este é o caso de João Luiz, que conheço desde 2001 quando participamos de um mesmo evento, Brasil Top Hospital, em Brasília, de onde acabou nascendo a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp). Ambos representávamos os hospitais dos quais fazíamos parte na ocasião.  Desde aquele momento João sempre me chamou a atenção por suas posturas éticas e de profundo conhecimento técnico e visão humanista sobre os desafios da medicina. Nos encontramos em diversas ocasiões, sempre em torno de temas da saúde. Acompanho João, com profunda admiração e respeito, desde então. Muito além da atuação assistencial, João sempre desempenhou papéis de destaque, como a participação na instalação de gestão por indicadores quando mal se falava nisso, o desenvolvimento de programas multiprofissionais de treinamento e educação continuada e três projetos de acreditação hospitalar em nível nacional e internacional.

Não resta dúvida que por este belo trabalho entre tantas outras atividades associativas, seja na Associação de Medicina Intensiva Brasileira ou na Anahp, João foi convidado pelo médico Hans Dohmann Filho, Secretário de Saúde do Munícipio do Rio de Janeiro, a participar do governo em 2009, permanecendo por seis anos. Neste longo período onde gestores habitualmente costumam ficar pouquíssimo tempo, João teve um papel fundamental para transformar a saúde do município do Rio de Janeiro. Participou do planejamento e instalação de 14 UPAs, duas  maternidades, dois hospitais regionais e cinco grandes coordenações de emergência, entre outras tantas conquistas para os cariocas naquele período.

João tem uma história pessoal, acadêmica e profissional notável e admirável. Fruto de uma família simples, fez o ensino fundamental em escola pública e concluiu os estudos em colégio militar. Formou-se médico em 1982 com distinção Cum Laude. É professor de Medicina desde 1989 pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – Unirio. Como se isto não fosse suficiente, buscou aprimoramento na área de gestão com dois MBAs pela Fundação Getúlio Vargas e, por fim, recentemente obteve a formação de Conselheiro Profissional de Administração pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.

A história do seu nome se confunde com a própria origem do nome. Não sei se ele já parou para pensar nisso, mas João Luiz significa gracioso e indica uma pessoa com forte tendência de liderança. Da mesma forma, seus atos sempre visam o benefício da maioria e, portanto, sua biografia tem relação umbilical com a origem do seu nome.

Nunca fui à casa do João. E tão pouco ele esteve na minha. Nossa amizade surgiu pela admiração que tenho pela sua pessoa, sua história e por absolutamente tudo o que sempre escutei a seu respeito, inclusive no grupo de WhatsApp que participamos, por conta da nomeação dele como Superintendente de Unidade Hospitalares e Pré Hospitalares neste novo governo do estado do Rio. Como cidadão digo que João é motivo de orgulho para mim. Assino embaixo de seu nome. O tempo vai mostrar a verdade, mas cabe a todos aqueles que o conhecem não se calarem para que não se cometa uma injustiça.

Por fim, uma cena curiosa que me marcou quando retomei contato com o João por conta de um artigo que publiquei aqui no LinkedIn. Ele me ofereceu carona ao sairmos do café marcado no Aeroporto Santos Dumont. Quando entrei em seu Fiat Idea já bastante rodado, vi livros e jalecos desorganizados no carro pelo ir e vir das curvas, demonstrando fazer parte da paisagem. A viagem foi curta mas saí de lá com a imagem desta cena que resume bem o João Luiz: um homem simples, um ser humano que pauta sua vida pela essência e não pela aparência, um profissional que não enriqueceu materialmente por onde passou, mas enriqueceu a vida daqueles que tiveram e têm a oportunidade de conviver com ele, um guerreiro com profundo espírito público. Por isso tudo, não tenho sombra de dúvida de que o tempo vai honrar a sua história e mostrar o equívoco que está sendo cometido. Termino dizendo: muito obrigado, João Luiz.