Arquitetos da Saúde

Entrevista Edi Souza

O Diretor Executivo do Hospital Sírio-Libanês, Edi Souza, vem acumulando ao longo da carreira grande experiência no setor de saúde suplementar. Adepto à utilização de ferramentas de dados abertos do mercado para o desenvolvimento de projetos, inclusive o planejamento estratégico, Edi acredita que para atuar no segmento Premium é fundamental entender bem o mercado endereçável no Brasil. Para ele, no futuro próximo esse segmento vai ser bastante desafiado e é preciso encontrar alternativas junto às fontes pagadoras para manter o acesso.

Como você percebe atualmente a demanda por dados abertos do setor para um gestor hospitalar? E como estes dados podem apoiar na gestão?

Edi Souza: Eu acho que é de extrema importância hoje um gestor hospitalar ter acesso e trabalhar com dados abertos. Eles trazem informações muito importantes do setor sobre os produtos, sobre as operadoras e sobre as empresas que têm beneficiários no sistema da saúde suplementar, por cidade, por tipo de produto, por tipo de ocupação, por faixa etária. É um dado bastante importante. 

 

A utilização de dados abertos é algo que já se encontra no radar das empresas hospitalares para desenvolvimento do planejamento estratégico?

Edi Souza: No caso específico do Sírio Libanês estes dados já estão no nosso radar faz tempo. Buscamos um parceiro para que pudéssemos ter essas informações que estão, inclusive, sendo utilizadas agora no Hospital para o desenvolvimento do planejamento estratégico de médio e longo prazos. São dados extremamente importantes. Como eu disse, já estavam no radar e agora estamos trabalhando bastante com as informações. 

 

Uma das possibilidades da ferramenta utilizada pelo Sírio Libanês é demonstrar o tamanho do mercado endereçável (beneficiários credenciados) do Hospital e do setor. Como o acesso a indicadores de grande porte pode apoiar na visão estratégica?

Edi Souza: Olhar o tamanho do mercado endereçável por tipo de beneficiários, faixa etária, por cidade, etc., é um privilégio. São informações bastante privilegiadas. Hoje, como trabalhamos em um segmento Premium, é muito importante entendermos onde temos mercado endereçável no Brasil. Quais capitais, quais cidades do interior. E também a possibilidade de agrupamento por cidade para podermos entender, dentro do projeto do planejamento estratégico, onde há possiblidade de expansão. Uma informação importante que a gente tem utilizado bastante. 

 

Você acredita em que cenário de credenciamento (acesso futuro) dos produtos considerados diferenciados e que estão no topo da pirâmide dos planos de saúde Premium?

Edi Souza: Acho que no futuro esse segmento vai ser bastante desafiado, assim como foi nos últimos tempos. Se considerarmos o período entre 2016 e 2021, inclusive olhando a própria ferramenta, a gente tem uma queda no mercado Premium na ordem de 11% a 13% nos últimos cinco anos. Eu acredito que isso aconteça por questões macroeconômicas, questões relacionadas à concorrência, questões relacionadas à verticalização de algumas empresas. Essa consolidação toda que vem acontecendo. Então, acredito que seja um segmento que vai ser muito pressionado no futuro próximo e, como uma empresa que faz parte dele, precisamos encontrar alternativas junto com as fontes pagadoras para trazer mais acesso para o Hospital. Acho que isso é importante, estamos identificando junto com as operadoras onde elas entendem que nós podemos atuar. O Sírio Libanês é um hospital de alta complexidade, que é muito forte em algumas especialidades. Então o nosso papel é identificar oportunidades junto com as operadoras para entendermos que tipo de produto podemos ofertar para mantermos o acesso ao nosso hospital.